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Projeto: ENSINO DE PRÉ-REQUISITOS PARA LEITURA E ESCRITA COM DEFICIENTES INTELECTUAIS: EFEITO SOBRE A APRENDIZAGEM DE LEITURA

Coordenador(a): ALESSANDRA ROCHA DE ALBUQUERQUE
Vigência: 29/10/2018 a 31/01/2023
Situação: Inativo
Programa/Curso: Psicologia - Stricto Sensu
Escola: {nme_escola}
Agência: Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal
Edital: FAPDF 03/2018 - Demanda Espontânea
Chamada FAPDF 03/2018 - Demanda Espontânea
Resumo:
Desde a promulgação da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência o número de estudantes com deficiência intelectual em classes regulares tem aumentado. Este aumento, contudo, não tem sido acompanhado de altos índices instrucionais, uma vez que 45,6% das pessoas com deficiência intelectual são analfabetas. Métodos de ensino deficientes bem como a escassez ou inexistência de pré-requisitos para a aprendizagem de leitura e escrita podem contribuir para estes índices. Neste sentido, o presente estudo tem por objetivo avaliar o efeito do ensino de pré-requisitos de leitura e escrita com crianças com deficiência intelectual sobre a aprendizagem de leitura. Três diferentes programas de ensino de pré-requisitos serão aplicados a crianças do grupo experimental enquanto crianças do grupo controle não serão expostas a estes programas. Após o ensino dos pré-requisitos, o grupo experimental será submetido a um programa de ensino de leitura e escrita assim como o grupo controle. Os desempenhos de leitura e escrita dos dois grupos serão comparados de modo a avaliar se o grupo experimental, cujos pré-requisitos foram garantidos, apresenta diferenças em relação ao grupo controle. A eficácia dos programas para o ensino de pré-requisitos também será avaliada.

e) Introdução com os principais objetivos e hipóteses que nortearão a pesquisa;
Dados do Censo Escolar 2017 indicam o aumento no percentual de matrículas de estudantes com deficiência nas classes regulares; neste ano 90,9% destes estudantes estavam em classes regulares, o que representa um aumento de 5,4% comparativamente a 2013. Esse aumento percentual foi impulsionado, possivelmente, pela promulgação da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI, Lei No. 13.146, de julho de 2015) de 2015. A referida lei, em seu Art. 4o., estabelece que “toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas” e prevê, dentre os direitos fundamentais, o direito à educação.
O direito à educação não se limita ao acesso à escola regular, mas considera também a oferta de condições que garantam a permanência da pessoa com deficiência neste contexto. Uma análise do nível instrucional das pessoas com deficiência no Brasil, contudo, mostra que 45,6% daquelas com deficiência intelectual são analfabetas, enquanto estes índices são inferiores para as pessoas com deficiência visual (13,5%), auditiva (21,2%) (GONÇALVES; MELETTI; SANTOS, 2015) e para a população de modo geral (7,2%) (PNAD, IBGE, 2017).
Estes dados sugerem que muitas são as barreiras para a permanência nas classes especiais e regulares para as pessoas com deficiência de modo geral e, especialmente, para aqueles com deficiência intelectual. Acredita-se que tais barreiras estejam relacionadas à crença de que pessoas com deficiência intelectual não são capazes de aprender (DRAGO, 2013). Todavia, a condição de deficiência intelectual não deve ser confundida com a incapacidade ou impedimento para o aprendizado (CARMO, 2012).
Neste sentido, a perspectiva analítico comportamental pode contribuir com a compreensão das dificuldades enfrentadas por esta população e com a proposição de estratégias para minimizá-las uma vez que compreende que “qualquer indivíduo é capaz de aprender, mesmo aqueles que apresentam limitações ou deficiências. Nenhum diagnóstico ou rótulo descreve adequadamente as capacidades ou dificuldades de uma pessoa” (DE ROSE, 2005, p. 31).
Deste modo, dificuldades de aprendizagem e fracasso escolar de estudantes com deficiência intelectual não devem ser interpretados como inerentes à deficiência, mas à luz dos procedimentos e métodos de ensino utilizados.
Cabe ao professor, com base em análise dos repertórios a serem ensinados, identificar as habilidades dos estudantes e também os comportamentos que eles não dominam, e ensinar estes comportamentos, avaliando constantemente os resultados de seus procedimentos de ensino. Fracassos eventuais devem ser atribuídos à inadequação dos procedimentos e não a características intrínsecas do aluno ou do meio do qual provêm (DE ROSE, 2005, p. 31).
Como parte deste processo, a identificação da presença ou ausência de pré-requisitos para a aprendizagem de repertórios mais complexos, a definição clara dos objetivos educacionais ou comportamentos-alvo bem como o planejamento cuidadoso das contingências de ensino são de fundamental importância (DOMENICONI; ZAINE; BENITEZ, 2012; RODRIGUES, 2012).
Dados os altos índices de analfabetismo entre a população com deficiência intelectual e a compreensão de que qualquer pessoa pode aprender com o uso de procedimentos adequados, levantam-se os seguintes questionamentos: Os entraves relacionados à aprendizagem de leitura e escrita por deficientes intelectuais podem relacionar-se ao uso de procedimentos de ensino inadequados para esta população? As dificuldades na aprendizagem de leitura e escrita podem ser anteriores ao ensino destes repertórios e relacionadas à inexistência ou deficiência de pré-requisitos para que tal aprendizagem ocorra?
Entende-se “pré-requisito” como o repertório comportamental básico que viabiliza novas aprendizagens. Hanna, Melo e Albuquerque (1999, p. 79) afirmam que “o ensino de pré-requisitos, aliado à utilização de metodologia apropriada às características comportamentais da criança, é a principal forma de prevenir o insucesso na alfabetização”. A literatura aponta diferentes repertórios como pré-requisitos para a aprendizagem de leitura e escrita: consciência fonológica (e. g. CAPOVILLA; CAPOVILLA, 2000; LOPES, 2004), atenção, discriminação visual, discriminação auditiva, coordenação motora fina ou viso-motora (HANNA; MELO; ALBUQUERQUE, 1999), identidade entre figuras, identidade entre palavras impressas, reconhecer figuras, nomear figuras dentre outras (DE FREITAS, 2012).
De Freitas (2012) realizou três estudos com o objetivo de construir um programa de ensino de pré-requisitos para a leitura para crianças com deficiência intelectual. Ao longo dos três estudos o programa de ensino originalmente construído (no Estudo 1) foi aperfeiçoado com o uso de procedimentos de ensino que minimizam erro (nos Estudos 2 e 3). O programa era composto por tarefas de pareamento entre palavras ditadas e desenhos, nomeação de desenhos, identidade entre desenhos, identidade entre palavras, cópia de palavras por meio da seleção de letras na tela do computador. Observou-se, no estudo 3, que o programa de ensino de pré-requisitos promoveu a aprendizagem dos comportamentos especificados com altos percentuais de acerto e pouca repetição para quatro dos cinco participantes.
Um quarto estudo foi realizado (DE FREITAS, 2012) com o objetivo de avaliar a eficácia do programa de ensino de pré-requisitos além de verificar se o treino prévio com o uso deste contribuiria para a aprendizagem de leitura. Quatro participantes foram expostos ao ensino de pré-requisitos e posteriormente a um programa de ensino de leitura de 30 palavras (DE FREITAS, 2009). Os resultados evidenciaram que todos os participantes aprenderam o desempenho treinado pelo programa de leitura, o que sugere que o programa de pré-requisitos preparou-os para a aprendizagem de leitura. Deve-se considerar, contudo, que o possível papel do treino de pré-requisitos na posterior aprendizagem de leitura é apontado sem que nenhuma avaliação da aprendizagem de leitura na ausência do treino de pré-requisitos tenha sido feita.
Apesar dos resultados positivos, de Freitas (2012) conclui que avaliações mais amplas de pré-requisitos e posterior ensino devem ser considerados em estudos futuros. Adicionalmente, a autora aponta especificamente a consciência fonológica como um dos pré-requisitos a serem explorados.
Compreende-se consciência fonológica como uma “habilidade complexa que envolve a capacidade de refletir sobre a estrutura fonológica da linguagem oral, incluindo a consciência de que a fala pode ser segmentada e a habilidade de discriminar e manipular tais segmentos” (CAPOVILLA; DIAS; MONTIEL, 2007, p. 55); ou seja, a consciência fonológica corresponde à discriminação e abstração de unidades sonoras menores que a palavra (DE SOUZA; DE ROSE; DOMENINCONI, 2009). Muitas pesquisas têm evidenciado a relação entre consciência fonológica e leitura (e.g. BERNARDINO JR. et al., 2006; PESTUM, 2005) e apontado a evidência de consciência fonológica como condição necessária para o sucesso da aprendizagem de leitura e escrita.
Bernardino Jr. et al. (2006) expuseram quatro estudantes com dificuldades na aprendizagem de leitura e escrita a um programa de ensino de habilidades de consciência fonológica composto por dois módulos de ensino que incluíam diferentes tarefas como: identificação de rima e aliteração, segmentação silábica, manipulação silábica, dentre outras. Os resultados deste estudo evidenciaram a aceleração da aprendizagem de leitura e escrita após o estabelecimento das habilidades de consciência fonológica. Deste modo, os autores sugerem que habilidades de consciência fonológica devem ser ensinadas antes ou simultaneamente ao ensino de leitura. Adicionalmente, apontam para a facilidade de aplicação de programas de ensino destas habilidades e ressaltam que esta “estratégia pode ser especialmente importante para estudantes em risco para o fracasso na aquisição desses repertórios” os quais “constituem o maior contingente de alunos que requerem procedimentos especiais de ensino” (p. 446).
O presente trabalho tem como objetivo geral avaliar o efeito de um programa de ensino de pré-requisitos de leitura e escrita com crianças com deficiência intelectual sobre a aprendizagem de leitura. O programa avança em relação a estudos anteriores (BERNARDINO JR. et al., 2006; DE FREITAS, 2009) em dois aspectos: 1) utilizará um conjunto maior de procedimentos de ensino de pré-requisitos, de modo a garantir que diferentes repertórios (e.g. consciência fonológica, discriminação visual e auditiva, identidade entre figuras, identidade entre palavras impressas, nomear figuras) estejam presentes antes do ensino de leitura; 2) utilizará um delineamento misto, intra e inter sujeito, o que viabilizará a comparação dos desempenhos de participantes que foram expostos ou não ao ensino dos pré-requisitos.
Os objetivos específicos do presente estudo são:
- Avaliar o repertório de crianças com deficiência intelectual, em idade escolar, com relação aos pré-requisitos para aprendizagem de leitura e escrita;
- Analisar a eficácia de diferentes procedimentos de ensino de pré-requisitos com crianças com deficiência intelectual;
- Avaliar o efeito da presença de pré-requisitos na aprendizagem de leitura;
- Verificar diferenças no processo de aprendizagem de leitura na presença ou ausência de habilidades consideradas pré-requisito.
Equipe:
1 - ALESSANDRA ROCHA DE ALBUQUERQUE - Pesquisador Interno
2 - ALLAN KARDEC PEREIRA PINTO - Pesquisador Externo
3 - CLAUDIA CRISTINA FUKUDA - Pesquisador Interno
4 - EDUARDA REZENDE FREITAS - Pesquisador Interno
5 - Elenice Seixas Hanna - Pesquisador Externo
6 - Fernanda Lorena Calci - Aluno
7 - GABRIEL BIEBE MILLAN - Aluno
8 - GUILHERME SILVA DE OLIVEIRA SANTOS - Aluno
9 - ISABELA PARENTE QUADRELLI - Pesquisador Interno
10 - IZABELA CASSEB FERRAZ SAAVEDRA DIAS - Aluno
11 - JEANE QUITÉRIA DA CONCEIÇÃO SILVA - Aluno
12 - LARA SAFATLE MORI DA FONSECA - Aluno
13 - MARIA APARECIDA PENSO - Pesquisador Interno
14 - MARINA HACK MOREIRA - Aluno
15 - Raquel Maria de Melo - Pesquisador Externo
16 - SOFIA SILVA DE MIRANDA - Aluno
Orçamento Aprovado:
BolsasR$ 28.400,00
Material de ConsumoR$ 10.570,50
Material PermanenteR$ 8.200,00
Serviço de TerceirosR$ 4.650,00
Valor TotalR$ 51.820,50
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