Resumo: Muitos são os impactos da pandemia de COVID-10 na saúde mental da pessoas e com a continuidade da crise sanitária, é factível considerar o agravamento desses impactos. Assim é necessário identificar fatores que para além do tratamento, possam prevenir ou contribuir para a diminuição do sofrimento psicológico na população afetada. A Psicologia Positiva por meio de suas pesquisas sobre emoções, forças, processos, condições e relacionamentos que promovem o bom funcionamento psicológico e o florescimento em pessoas, grupos e instituições contribui para a busca de soluções positivas em situações de crise. O presente projeto de pesquisa, portanto, procura contribuir para a identificação de fatores promotores de saúde mental e de proteção contra o adoecimento mental. Assim, iremos investigar o papel que fatores positivos da Psicologia, tais como a orientação de vida, presença de afetos positivos especificamente e florescimento de forma geral, pode desempenhar na proteção contra o adoecimento mental e no desenvolvimento de capacidades positivas com vistas ao fortalecimento do funcionamento psicológico saudável e da saúde mental futura. Waters e colaboradores (2021) apontam nove aspectos positivos que contribuem tanto para prevenir o adoecimento mental como também tornar as pessoas mais fortes em tempos de crise, como no contexto de pandemia mundial. São eles: significado da vida, coping, autocompaixão, coragem, gratidão, forças de caráter, emoções positivas, relações positivas e conexões significativas. Vamos nos deter no primeiro fator apontado pelos autores que é o principal foco de análise desse projeto, a percepção de significado da vida. O termo foi cunhado inicialmente por Victor Frankl (1986), que propôs três formas de constituirmos significado às nossas vidas: 1) pela criação de algo novo; 2) vivenciando relações positivas; e 3) sendo capazes de enfrentar com sabedoria sofrimentos inevitáveis Com vistas a contribuir para busca de fatores de proteção contra o adoecimento mental, este projeto tem como objetivo verificar a relação entre orientação de vida, afetos positivos e florescimento e a presença de sintomas de transtorno mentais em pessoas que tiveram suas vidas fortemente impactadas pela pandemia de COVID-19. O método da pesquisa é quantitativo, transversal e correlacional e está dividido em quatro partes: 1) construção e estudo de validade e confiabilidade de uma escala de orientação de vida; 2) adaptação e estudo de validade e confiabilidade das escalas de afeto positivo e florescimento; 3) estudo de validade da escala de transtornos mentais comuns; e 4) análise da relação entre as variáveis positivas e a escala de transtornos mentais. Será desenvolvido uma escala para avaliação da orientação de vida, adaptada uma escala para avaliação de afetos positivos e uma escala de florescimento que serão aplicadas a uma amostra de 400 pessoas adultas por meio de formulário eletrônico juntamente com uma escala de rastreio de transtorno mental e um questionário sobre os impactos da pandemia. Serão constituídas duas amostras principais para a pesquisa. A primeira amostra será formada por 100 pessoas com idades iguais ou superiores a 18 anos alfabetizadas, a segunda amostra será formada por 400 pessoas também com idades superiores iguais ou superiores a 18 anos e alfabetizadas. Também participarão da pesquisa 20 estudantes universitários para análise semântica dos instrumentos e 5 especialistas em Psicologia Positiva com titulação mínima de mestre para a análise de juízes dos instrumentos. Os dados serão analisados por meio de estatísticas descritivas e inferenciais bi e multivariadas. Espera-se identificar aspectos positivos que possam ser desenvolvidos nos indivíduos para proteção contra o adoecimento mental em tempos de crise. |