Resumo: Propõe-se este projeto em continuidade a pesquisas anteriores e em andamento, coordenadas pelo(a) proponente, nas quais se investiga o modo como o psicólogo percebe e lida, em sua prática clínica, com as questões relacionadas à religião, religiosidade e espiritualidade (RE) dos usuários / pacientes em contexto hospitalar e de saúde mental. Considerando-se que, em tempos de pandemia, num país de população religiosa como é o Brasil, a RE torna-se ainda mais presente no mundo da vida dessas pessoas, podendo ser uma das formas de enfrentamento mais frequentemente empregadas para lidar com o luto, com as perdas, com o isolamento, e diversas outras limitações relacionadas às mazelas do Covid-19, propõe-se uma investigação acerca do modo como essa modalidade de enfrentamento tem chegado aos contextos psicoterapêuticos, em clínicas e consultórios particulares, bem como sobre a maneira específica como tais profissionais percebem e lidam com tais manifestações. Inspirando-se no referencial da psicologia fenomenológica, e realizando uma investigação de cunho qualitativo diretamente com psicólogos psicoterapeutas, de diferentes perspectivas teóricas, pretende-se conhecer suas percepções quanto ao papel da RE na saúde física e mental de seus pacientes atendidos em clínicas psicológicas e consultórios particulares durante a pandemia. Pretende-se realizar entrevistas semiestruturadas, e em profundidade, com um total de 30 psicoterapeutas de ambos os sexos, abordando os seguintes aspectos: a) modo como os/as profissionais percebem a presença da RE nos atendimentos clínicos que realizam ou realizaram ao longo da pandemia do Covid-19; b) se e como perceberam ou percebem o impacto da pandemia sobre a frequência, intensidade e conteúdos relacionados à manifestação da RE durante seus atendimentos clínicos; c) se e em que condições a consideram a RE como fator prejudicial ou facilitador da saúde física ou mental, individual ou coletiva, de seus pacientes no enfrentamento; d) se, quais e como estabelecem ou adotam critérios específicos para distinguirem experiências religiosas de sintomas psicopatológicos durante a pandemia; e) o que consideram, no contexto da psicoterapia, boas ou más práticas no modo de lidar com o binômio religiosidade/espiritualidade e saúde mental, especialmente durante a pandemia; f) se e como o tema da RE foi abordado ao longo de sua formação e o que puderam aprender acerca do assunto a partir de suas experiências de atendimentos clínicos durante a pandemia. As entrevistas serão gravadas, transcritas, revisadas e posteriormente e analisadas em consonância com a perspectiva fenomenológica, buscando-se identificar as divergências e convergências entre as percepções dos profissionais entrevistados. Os resultados obtidos permitirão a comparação entre diferentes abordagens e serão colocados em diálogo com as diretrizes e políticas dos Conselhos Regionais e Federais de Psicologia do país e com a literatura existente sobre o assunto, mais especificamente no campo da Psicologia da Religião e suas implicações para a Psicoterapia. |