Pesquisa
Plataforma de Apoio a Gestão Estratégica - PAGE/UCB

Projeto: O uso de dispositivos digitais em estudantes universitários no contexto pós-pandêmico e os impactos no sono: uma pandemia dentro da pandemia

Coordenador(a): LEANDRO FREITAS OLIVEIRA
Vigência: 01/04/2023 a 31/03/2024
Situação: Inativo
Programa/Curso: Psicologia - Stricto Sensu
Escola: {nme_escola}
Agência: Universidade Católica de Brasília
Edital: UCB 054/2022
Chamada UCB 054/2022 - CHAMADA Pesquisa
Resumo:
O contexto pandêmico teve início na China em dezembro de 2019 e foi declarado em 11 de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia mundial(Cucinotta and Vanelli 2020), no qual os casos de COVID-19, se alastraram rapidamente pelo mundo, devido a sua alta taxa de transmissibilidade causando infecções respiratórias graves(Wollina 2020), ocasionando muitas mudanças na vida de toda a população mundial, com destaque para o isolamento social. O distanciamento social, ferramenta necessária, mas não inócua, no controle das taxas de contágio do novo coronavírus (SARS-CoV-2)(Zhao et al. 2021), afeta de forma significativa as relações interpessoais, 25% dos adultos entre 18 e 29 anos relataram um maior sofrimento psicológico, devido ao afastamento social, fato que induz a população a procurar alternativas de distração, principalmente no uso dos smartphones, com o fito de ter a sensação de que não estivessem isoladas(McGinty et al. 2020). Decerto, dados coletados em estudo da consultoria (Kantar(org) 2020) afirmam que o engajamento em redes sociais superou em 61% os parâmetros pré-pandêmicos. Além disso, o uso de dispositivos digitais tornou-se necessário em contextos profissionais, educacionais e sociais. Nesse sentido, tal cenário prolongou o contato dos indivíduos com a luz direta de telas sobre os olhos. Dentre diversos comprometimentos que podem ser provocados por essas tecnologias, a luz de LED (diodo emissor de luz) presente nos dispositivos digitais, pode levar a uma lesão na retina, estrutura formada por grupos de células localizadas na parte interna dos olhos, ocasionando inúmeras repercussões negativas na saúde física e mental dos usuários((org) n.d.; Algvere, Marshall, and Seregard 2006). É incontestável que, principalmente, nas décadas de 2000 e 2010(Siqueira 2007), a tecnologia como um todo tem se tornado cada vez mais presente e indispensável no cotidiano da geração dos anos 2000. Tendo em vista que esta proporciona facilidades no dia a dia da população geral, tanto no âmbito escolar e profissional como no âmbito do lazer e entretenimento. Porém, por mais que a internet e os aparelhos eletrônicos que a acompanharam tenham trazido mais integração mundial e mais comodidade para as rotinas diárias das pessoas, é evidente os impactos negativos que acompanharam esse advento tecnológico.
Devido ao novo coronavírus, à quarentena e ao distanciamento social, foi preciso se adaptar às novas formas de relações sociais, educacionais e de trabalho para soluções por meio de recursos digitais. Escolas e empresas adotaram atividades remotas, e, como consequência, o aumento da permanência em frente aos computadores e celulares. Como prova disso, dados coletados da Revista da FAESF apontam que neste período o avanço no uso da tecnologia é maior que o uso nos últimos 5 anos de forma geral no mundo(Alves Barbosa 2020). Segundo levantamento realizado pela Conviva, empresa especializada em inteligência integrada de dados, os serviços de streaming cresceram 44% entre o quarto trimestre de 2019 e o de 2020, comprovando a migração de atividades para soluções alternativas online(Alves Barbosa 2020). Contudo, aplicativos de negócios e produtividade, como Google Meet e Zoom, alcançaram 7,1 bilhões de downloads em 2020, demonstrando um crescimento de 35% entre 2019 e, 2020, que foi obtido principalmente pela necessidade de Ensino à Distância e o Home Office(“Conviva’s State of Streaming.” 2020). No Brasil, em março de 2021, 63 das 69 instituições federais passaram a utilizar essa modalidade(MEC BR 2021). Consequentemente, não só o uso de telas, como computadores e notebooks, cresceu substancialmente, apresentando um aumento de 30% no tempo gasto com esses dispositivos para trabalhar entre 2020 e 2021, mas também o aumento do uso de smartphones foi significativo em 32% do tempo total de uso no mesmo período, devido ao isolamento social(Conviva 2020). Porém, não são apenas os olhos que são impactados pelo excesso de exposição as telas, a qualidade de sono é um fator a ser investigado.
As causas de insônia são variadas, podendo ser ocasionada por hiperestimulação visual e/ou auditiva antes de dormir, administração de medicações e transtornos psicológicos, a exemplo da depressão e ansiedade(Annie n.d.). Entretanto, o uso desses dispositivos digitais estão para além de um acesso recreativo inofensivo, para diversos pesquisadores os mecanismos neurais de dependência de telas são semelhantes aos que ocorrem com o uso excessivo de drogas, onde há intensa liberação de dopamina, modulador da motivação e aprendizado, ativando diretamente o sistema de recompensa do cérebro, relacionado à produção de memórias e ao esforço de ação, o que pode levar a comportamentos compulsivos (Association 2013; Berke 2018; Volkow, Michaelides, and Baler 2019)11,12,13.
Nesse contexto, o sono possui um processo fisiológico de alta complexidade decorrente da relação de inúmeras regiões corticais e neurotransmissores presentes no organismo. Dois outros importantes processos regulam o sono, o processo circadiano e os distúrbios do sono. A insônia consiste na dificuldade para adormecer ou continuar dormindo causando a sensação de que o sono não é agradável, o que ocasiona consequências ao longo do dia, como sensação de sonolência, irritabilidade ou dificuldade de concentração, afetando diretamente na relação entre o educador e o sujeito aprendente, ocasionando distúrbios físicos e mentais(Sá, Motta, and Oliveira 2007). Além disso Benca e colaboradores (ANO) demonstraram que os distúrbios do sono estão mais prevalentes em indivíduos que apresentam algum transtorno psicológico(Benca et al. 1992). Os dados tornam-se mais alarmantes quando olhamos os números, essa desordem do sono está presente em 73 milhões de brasileiros(Hasan et al. 2018), demonstrando a importância epidemiológica do distúrbio apresentado e os impactos na saúde mental.
Devido ao progressivo aumento da utilização de telas, é observada uma maior interferência na qualidade do sono, já que a luz, emitida pelos aparelhos eletrônicos, é o sinal ambiente com maior influência no ciclo circadiano e que pode ocasionar alguns distúrbios, como a insônia e a síndrome das pernas inquietas(Andrea Bacelar and Jr. 2013), o que leva por consequência a uma má qualidade do sono, uma vez que reduz a liberação da melatonina, um hormônio indutor do sono, ativando o estado de alerta mediante o trato retino-hipotalâmico, localizado nos núcleos supraquiasmáticos do hipotálamo, reduzindo, dessa forma, a síntese deste hormônio pela glândula pineal(Scherer, Combs, and Brennan 2017). Além disso, o uso de telas antes de dormir também compromete a vasodilatação noturna e as temperaturas distais do tecido cutâneo, levando à má qualidade do sono(Rahman, St. Hilaire, and Lockley 2017). Ademais, estudos relatam que o maior tempo de exposição a telas está relacionada a episódios de parassonia em jovens em idade escolar, comprovando, assim, os diversos malefícios que a tecnologia pode causar ao ciclo circadiano e, consequentemente, um impacto psicológico progressivo(te Kulve, Schlangen, and van Marken Lichtenbelt 2019). Dessa maneira, a exposição à luz pouco antes de dormir diminui a sonolência objetiva e subjetiva, proporcionando o prolongamento do início do sono REM(Da Silva et al. 2017). Assim, pode-se concluir que o ciclo circadiano é amplamente influenciado por estímulos visuais. O aumento do uso de telas no cenário pós pandêmico, ocasionado pela necessidade de distanciamento social e a readequação no sistema pedagógico escolar e universitário, pode agravar a prevalência de distúrbios do sono, uma vez que os dispositivos eletrônicos têm capacidade de inibir a liberação da melatonina pela glândula pineal, interferindo negativamente no estabelecimento do sono REM, podendo levar a uma maior prevalência de sintomas de depressão e ansiedade, além de um maior impacto sobre a memória e aprendizagem desses estudantes. Por fim, a qualidade do sono, quando alterada, interfere negativamente no cotidiano do indivíduo, comprometendo os aspectos sociais, pedagógicos, psicológicos e laborais de forma significativa.
Equipe:
1 - LEANDRO FREITAS OLIVEIRA - Pesquisador Interno
Orçamento Aprovado:
Valor TotalR$ 0,00
Ir para o menu
Parceiros da UCB
  • FIES
  • Universa
  • Periodicos Capes
  • ProUni
Redes dos cursos
Encontre tudo
Redes sociais da UCB
Universidade Católica de Brasília
Campus I - QS 07 Lote 01 EPCT, Águas Claras - CEP: 71966-700 - Taguatinga/DF - Telefone: (61) 3356-9000
Campus Avançado Asa Norte - SGAN 916 Avenida W5 - CEP: 70790-160 - Brasília/DF - Telefone: (61) 3448-7134
Campus Avançado Asa Sul - SHIGS 702 Conjunto 2 Bloco A - CEP: 70330-710 - Brasília/DF - Telefone: (61) 3226-8210
Quem faz? Webadvisor WEBADVISOR