Coordenador(a): | KASSIA REGINA AGUIAR VIEIRA | ||||||||||
Vigência: | 01/06/2024 a 01/06/2026 | ||||||||||
Situação: | Ativo | ||||||||||
Programa/Curso: | MEDICINA VETERINÁRIA | ||||||||||
Escola: | {nme_escola} | ||||||||||
Agência: | Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal | ||||||||||
Edital: | FAPDF – Demanda Espontânea (Edital 05/2024) | ||||||||||
Chamada | CHAMADA 01 – DEMANDA ESPONTÂNEA | ||||||||||
Resumo: O Brasil é um país reconhecido por sua rica diversidade biológica, e isso se estende aos felinos. Com mais de 15 espécies nativas, o país abriga uma das maiores diversidades de felinos do mundo. Essas espécies variam em tamanho, hábitos alimentares e habitat, desde o pequeno gato-mourisco (Puma yagouaroundi), encontrado em áreas de floresta até a majestosa onça pintada (Panthera onca), que habita uma variedade de ecossistemas, incluindo florestas tropicais e cerrados. Esses felinos têm grande importância na manutenção da saúde dos ecossistemas, através da regulação das populações de presas e da manutenção da estrutura das comunidades biológicas. No entanto, muitas espécies enfrentam ameaças significativas devido à perda de habitat, caça ilegal e conflitos com humanos, destacando a necessidade urgente de medidas de conservação eficazes para garantir sua sobrevivência a longo prazo. Para combater o declínio populacional e ameaças enfrentadas pelas espécies de felinos no Brasil, estratégias de conservação multifacetadas têm sido implementadas. Essas estratégias incluem a criação e expansão de unidades de conservação, como parques nacionais e reservas naturais, que proporcionam habitat protegido e conectividade entre populações fragmentadas. Programas de reintrodução em áreas onde as populações foram extirpadas também têm sido empregados com sucesso, como demonstrado pelo Projeto Onçafari, que reintroduziu jaguares na região do Pantanal. Além disso, esforços de educação ambiental e conscientização pública têm sido fundamentais para promover a coexistência pacífica entre humanos e felinos, reduzindo conflitos e a caça ilegal. A implementação de políticas de uso sustentável da terra, a mitigação de ameaças como a perda de habitat e a fragmentação do mesmo também são componentes essenciais das estratégias de conservação, visando garantir a sobrevivência dessas espécies ameaçadas a longo prazo (AZEVEDO et al., 2020; MORATO et al., 2016; OLIVEIRA et al., 2019). A maioria dos zoológicos abriga animais resgatados de maus tratos, além de espécies ameaçadas de extinção, com o objetivo de conservar estas espécies (DAMASCENO, 2018; SILVA et al., 2015). No entanto, os recintos onde são mantidos os animais muitas vezes são inadequados, o que proporciona comportamentos incomuns à espécie, como agressividade excessiva, estresse, estereotipias e inatividade, condições que não seriam encontradas em habitat natural (OLIVEIRA & CARPI, 2016). Os animais mantidos em confinamento demonstram interesse em realizar atividades que, em seu habitat natural, seriam importantes para sua sobrevivência e sucesso reprodutivo. Como no caso dos felinos, que possuem o costume de brincar com o seu alimento, imitando o comportamento de caça, ou arrancam os próprios pelos como se estivessem retirando pelos ou penas de presas e, por isso, podem sofrer de alopecia. Contudo, a forma convencional de alimentação de felinos em cativeiro, como oferecer alimento em pedaços ou ração uma vez ao dia no chão do recinto, não contempla dois aspectos fundamentais do processo natural de busca de alimentos por carnívoros: a procura/localização e a captura. Dessa forma, a ausência da oportunidade de realizar comportamentos de caça pode resultar no desenvolvimento de estresse e comportamentos anormais (HASHIMOTO,2008). Quanto ao comportamento alimentar, observa-se os comportamentos apetitivos e consumatórios. O comportamento apetitivo é uma busca inicialmente variável, que se torna mais específica até que o comportamento consumatório seja executado em resposta a alguma situação que libera estímulos. O comportamento apetitivo é variável, já o consumatório é fixo e estereotipado. O ato apetitivo exige prontidão para a ação e muitos comportamentos durante este ato não são inatos, mas aprendidos. Contudo, o ato consumatório, a ação final, é sempre inata (ZUANON, 2007). Devido à divergência entre o ambiente de cativeiro e o natural, vários sinais de estresse podem ser observados em ambientes confinados. No caso de felinos, é possível observar comportamentos como inatividade excessiva, o que pode levar o animal à obesidade; o pacing, onde o animal anda de um lado para o outro em rotas constantes; o excesso de lambedura, podendo causar lesões na pele; o auto arrancamento de pelos; e o ato de mamar na própria pata ou cauda. Esses efeitos do estresse não apenas afetam a saúde física e mental do animal, mas também têm impacto em sua fisiologia e em suas taxas reprodutivas (HASHIMOTO, 2008). O estresse crônico é frequentemente acompanhado por um aumento significativo na produção de cortisol, um hormônio associado à resposta fisiológica ao estresse. Altos níveis de cortisol podem ter impactos negativos na saúde física e mental dos animais, incluindo supressão do sistema imunológico, distúrbios comportamentais e até mesmo redução da capacidade de reprodução. Portanto, é crucial que os cuidadores e pesquisadores em cativeiro monitorem de perto os níveis de cortisol nos animais e implementem medidas para minimizar o estresse e promover seu bem-estar (DICKENS & EARLE, 2003; MASON & LATHAM, 2004). Para amenizar o estresse, os zoológicos utilizam o enriquecimento ambiental. O enriquecimento ambiental tem como propósito melhorar a qualidade de vida dos animais de cativeiro, usando estímulos ambientais corretos, que simulam acontecimentos reais que poderiam ocorrer em seus habitats naturais, criando um ambiente com maior complexidade e interatividade (OLIVEIRA & CARPI, 2016). De acordo com pesquisas, ambientes enriquecidos contribuem para o bem-estar animal, melhoram a saúde psicológica do animal, reduz o estresse, previne comportamentos anormais, facilita o manejo e promove educação ambiental aos visitantes do zoológico. Os animais que são criados nestes ambientes raramente apresentam distúrbios comportamentais, pelo contrário, agem de modo semelhante à sua natureza, aumentando a taxa reprodutiva e são mais suscetíveis às adaptações, contribuindo diretamente à reintrodução de alguns desses animais ao habitat natural (GARCIA & BERNAL, 2015; LEIRA et al., 2017). A presente pesquisa planeja estudar o comportamento das cinco espécies de felinos selvagens em cativeiro mantidos na Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB), são elas: o gato-mourisco (Puma yagouaroundi), gato-do-mato pequeno (Leopardus tigrinus), onça pintada (Panthera onca), onça parda (Puma concolor) e o gato palheiro (Leopardus colocolo). assim como os efeitos do enriquecimento ambiental, com intuito de compreender seus aspectos etológicos com objetivo de contribuir para a conservação da espécie. Através de observações com uso de etograma e medição periódica dos níveis de cortisol destes animais, aliadas ao histórico de vida e prontuário médico, descreveremos as necessidades destas espécies, avaliaremos a presença de comportamento estereotipado, implementaremos técnicas de enriquecimento ambiental e, por fim, analisaremos os efeitos tanto do estresse, quanto das técnicas utilizadas para amenizar o sofrimento animal. |
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Equipe:
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Orçamento Aprovado:
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