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Projeto: EFEITOS DO TREINAMENTO DE FORÇA NO ESTRESSE OXIDATIVO EM PESSOAS COM SÍNDROME DE DOWN
Coordenador(a): ANDREA LUCENA REIS
Vigência: 01/04/2023 a 31/08/2024
Situação: Ativo
Programa/Curso: Educação Física - Stricto Sensu
Agência: Universidade Católica de Brasília
Edital: UCB 054/2022
Chamada UCB 054/2022 - CHAMADA Pesquisa
Resumo:
A Síndrome de Down (SD) é considerada a mais frequente dentre as deficiências intelectuais (MOREIRA; EL-HANI; GUSMÃO, 2000) e acomete, no Brasil, aproximadamente 300 mil pessoas, em que 23% da população brasileira possui algum tipo de deficiência (física, auditiva, visual, mental/intelectual ou múltipla), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASIL, 2012).
Dos 23% da população brasileira que possui alguma deficiência, cerca de 460 mil pessoas são acometidas por deficiência intelectual (DI) (BRASIL, 2012), assim, a prevalência de DI em todo o mundo tem variado de 1% a 3% (KING, 2008; MAULIK; MASCARENHAS; MATHERS et al., 2011; VASCONCELOS, 2004). Dentre as DI a Síndrome de Down (SD) destaca-se por ser a desordem genética mais comum entre as síndromes (COWLEY; PLOUTZ-SNYDER; BAYNARD et al., 2011).
A SD é uma desordem em que ocorrem alterações genéticas causadas por erros na divisão celular embrionária resultando no excesso de material genético do cromossomo 21 (TRENTIN; SANTOS, 2013). Pessoas com SD apresentam anormalidades musculoesqueléticos (por exemplo, hipotonia, frouxidão ligamentar) (COELHO-JUNIOR; VILLANI; CALVANI et al., 2019), fraqueza muscular (MODESTO; GREGUOL, 2014a), e níveis elevados de biomarcadores de estresse inflamatório e oxidativo (KOMATSU; DUCKYOUNG; ITO et al., 2013; VASCONCELOS; GOULART; MOURA et al., 2007b).
A redução dos índices de força muscular em pessoas com SD quando comparadas a pessoas sem SD podem ser aproximadamente 50% menores (MODESTO; GREGUOL, 2014b), possuem ainda baixo nível de atividade física que pode contribuir para o desenvolvimento de várias complicações de saúde, como a obesidade e a hipertensão (MENDONCA; PEREIRA; FERNHALL, 2010), sendo que essa última, está entre os principais fatores de risco cardiovascular (SERON; GOESSLER; MODESTO et al., 2015). Adicionalmente, pessoas com SD possuem até dezesseis vezes mais risco de mortalidade decorrente de doenças cardiovasculares (HILL; GRIDLEY; CNATTINGIUS et al., 2003).
Ademais, hipertensão arterial, diabetes e obesidade no Brasil totalizaram R$ 3,45 bilhões, ou seja, US$ 890 milhões, considerando gastos do SUS com hospitalizações, procedimentos ambulatoriais e medicamentos (NILSON; ANDRADE; BRITO et al., 2020).
A força muscular é uma importante propriedade mecânica para execução de todas as AVA’s e essenciais para manter a independência dessas pessoas e, consequentemente, melhoria da sua capacidade funcional (COWLEY; PLOUTZ-SNYDER; BAYNARD et al., 2010). A importância da capacidade funcional para pessoas com SD significa levar uma vida saudável e satisfatória sem a necessidade de serem institucionalizadas (MENDONCA; PEREIRA; FERNHALL, 2010). Uma vida saudável pode estar relacionada a uma vida ativa que traz inúmeros benefícios, por exemplo: melhoria a saúde, previne a incidência de doenças crônicas, aumenta autoestima e promove interação social (RIMMER; HELLER; WANG et al., 2004).
A SD tem sido apontada como uma condição fisiológica relacionada ao estresse oxidativo (EO) devido a capacidade antioxidante diminuída (VASCONCELOS; GOULART; MOURA et al., 2007a). O EO é o desequilíbrio entre compostos oxidantes e antioxidantes (BARBOSA; COSTA; ALFENAS et al., 2010) em favor dos compostos oxidantes com potencial dano oxidativo contra células e tecidos (HALLIWELL; WHITEMAN, 2004). A cronicidade do EO leva à oxidação de biomoléculas com consequente perda de suas funções biológicas e/ou desequilíbrio homeostático (HALLIWELL; WHITEMAN, 2004). Adicionalmente, o EO está associado a etiologia de diversas doenças crônicas não transmissíveis, como por exemplo, aterosclerose, diabetes, obesidade (GREEN; BRAND; MURPHY, 2004) e pode contribuir para o envelhecimento precoce de pessoas com SD (GARAIOVÁ et al., 2004). Sabe-se que o envelhecimento está associado à redução do potencial proliferativo celular, aumento da propensão a apoptose e elevado dano ao DNA (VIANELLO; DOGLIOTTI; DOZIO et al., 2013), o que pode contribuir para elevar ainda mais as altas taxas de morbidade relacionada à idade de pessoas com SD (SHIELDS; DOWNS; DE HAAN et al., 2018).
Por um lado, a capacidade diminuída de força pode limitar a execução das atividades de vida diária (AVA’s) afetando negativamente a autonomia e qualidade de vida dessas pessoas (SHIELDS; DODD, 2004). Por outro lado, mudanças simples no estilo de vida como, por exemplo, a manutenção de atividade física regular pode promover a saúde e a melhoria da qualidade de vida das pessoas com SD (MATSUDO; ARAÚJO; MARSUDO et al., 2001). Nesse sentido, o treinamento de força (TF) tem emergido como uma intervenção significativa para induzir diversos benefícios à saúde em pessoas com SD (FLORE; BRICOUT; VAN BIESEN et al., 2008; ROSETY-RODRIGUEZ; BERNARDI; ELOSEGUI et al., 2021)
Além de problemas relacionados à saúde das pessoas com deficiências, a deficiência pode dar origem a situações de discriminação e exclusão, portanto, é necessário propiciar o desenvolvimento de ações e medidas que permitam melhorar substancialmente a situação dessas pessoas, ou seja, ações de inclusão social. A inclusão social está pautada claramente na Constituição Federal Brasileira, em seu art. 5º, amparada pelo direito de igualdade de todos os cidadãos (BRASIL, 1988), ademais, é dever do Estado e de toda a sociedade.
O princípio da igualdade de direitos, previsto constitucionalmente, prevê que todos os cidadãos têm direito de tratamento idêntico pela lei, em consonância com os critérios albergados pelo ordenamento jurídico (BRASIL, 1988; MELLO, 2003). Dessa forma, o que se veda são as discriminações.
Visamos um mundo onde as oportunidades iguais para pessoas com deficiência se tornem uma consequência natural de políticas e leis sábias que apoiem o acesso à plena inclusão em todos os aspectos da sociedade (FEDERAL, 2015). Para isso, ações efetivas são requeridas.
Uma possibilidade de inclusão para pessoas com deficiências seria promover ações voltadas para a melhoria das condições de saúde dessas pessoas por intermédio de programas voltados para o desenvolvimento e aprimoramento de capacidades físicas, melhoria do condicionamento físico e desempenho funcional, assim como para aumentar a força e o ganho de massa muscular (FLECK; KRAEMER, 2017).
Entretanto, pessoas com deficiência ou mesmo indivíduos que diferem da população geral requerem recomendações especiais e/ou adaptadas para realização de atividade/exercício físico que devem ser supervisionados por profissionais com formação especializada (JACOBS, 2017).
Nesse sentido, programas de treinamento resistido realizados com elásticos são eficazes na melhoria da função muscular em pessoas saudáveis (COLADO; TRIPLETT, 2008; MCMASTER; CRONIN; MCGUIGAN, 2009; PINTO; DIAS; SALVADOR et al., 2008) e em pacientes submetidos à reabilitação cardíaca ou com doença pulmonar obstrutiva crônica (PINTO; DIAS; SALVADOR et al., 2008; SILVA; RAMOS; CAMILLO et al., 2019; TURBAN; CULAS; DELEY, 2014). Os tubos elásticos são implementos de baixo custo, portáteis (RAMOS; DE TOLEDO-ARRUDA; FOSCO et al., 2014; SIMONEAU; BEREDA; SOBUSH et al., 2001) e podem ser usados para a execução de ampla variedade de exercícios (SPARROW; GOTTLIEB; DEMOLLES et al., 2011). Todavia, ainda não se sabe os efeitos crônicos do TF com elásticos sobre o estresse oxidativo em pessoas com síndrome de down.
Serão recrutados aproximadamente 50 voluntários com Síndrome de Down, idade igual ou superior a 12 anos. Os voluntários serão submetidos a teste de preensão manual, teste de contração voluntária isométrica máxima, avaliação antropométrica e coletas de amostras biológicas (saliva e urina) pré e pós treinamento de força muscular. O protocolo será de 3 séries de 12 repetições para 7 exercícios: 1) flexão do cotovelo; 2) extensão do cotovelo; 3) flexão do joelho; 4) extensão do joelho; 5) remada; 6) supino em pé; e 7) agachamento. O treinamento terá a duração de 2 anos, será realizado em dias não consecutivos, três vezes por semana. Serão feitas análises bioquímicas, de estresse oxidativo e de inflamação para avaliar o envelhecimento que é precoce nessas pessoas.
Equipe:
1 - ANDREA LUCENA REIS - Pesquisador Interno
2 - GISLANE FERREIRA DE MELO - Pesquisador Interno
3 - HERBERT GUSTAVO SIMOES - Pesquisador Interno
4 - HUGO DE LUCA CORREA - Aluno
5 - Lysleine Alves de Deus - Aluno
6 - RODRIGO VANERSON PASSOS NEVES - Aluno
7 - ROSANGELA VIEIRA DE ANDRADE - Pesquisador Interno
8 - Thais Branquinho de Araujo - Aluno
9 - THIAGO DOS SANTOS ROSA - Pesquisador Interno
Orçamento Aprovado:
Valor TotalR$ 0,00