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Projeto: Imersão e mito no metaverso: “o futuro é ancestral” uma experiência pedagógica de inovação
Coordenador(a): FLORENCE MARIE DRAVET
Vigência: 01/01/2025 a 01/01/2027
Situação: Ativo
Programa/Curso: Inovação em Comunicação e Economia Criativa - Stricto Sensu.
Agência: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Edital: Chamada Pública MCTI/CNPq nº 16/2024 - Apoio a Projetos Internacionais de Pesquisa Científica, Tecnológica e de Inovação
Chamada Chamada Única
Resumo:
A partir da implantação de um laboratório de realidade virtual instalado em 2024 na universidade, propõe-se uma reflexão comunicacional sobre o processo imersivo em ambientes responsivos, a fim de fomentar uma educação para as tecnologias assentada na consciência corporal imersiva. O produto piloto existente traz a narrativa de três mitos indígenas de etnias diferentes (Yawanawá, Tukano e Pataxó) que serão analisados com base na mitocrítica latino-americana desenvolvida por pesquisadores da rede Pachamama. Trata-se de por em diálogo a mitocrítica cultural desenvolvida na Europa por Brunel e Losada com as ideias de pensadores indígenas latino-americanos como Krenak e Munduruku, no Brasil, a fim de lançar as bases de um pensamento decolonial capaz de enriquecer o repertório forjado a partir das mitologias gregas e europeias. Este projeto se propõe a relacionar os conceitos tradicionais de imersão mítico-literária com as novas realidades imersivas tais como as dos filmes em realidade virtual e do metaverso. Em uma sociedade pós-literária, em que produtos midiáticos imersivos se apresentam como meios de realizar experiências formativas em mundos simulados, o problema que se coloca é: o que se passa com o nível de consciência e de presença do sujeito em situação de imersão tecnológica? Até que ponto ele tem, não apenas uma série de sensações, mas um sentimento claro e consciente daquilo que a experiência imersiva lhe proporciona e dos efeitos dessa experiência? Que instrumentos conceituais e pedagógicos poderão auxiliar os docentes da educação superior na utilização das tecnologias imersivas para a transmissão dos elementos constitutivos das competências e habilidades dos sujeitos em formação? Coletaremos dados sobe a experiência imersiva mediante questionários aplicados com discentes e docentes das universidades que farão a experiência dos mitos indígenas por meio de narrativa fílmica e no metaverso. Os dados serão analisados com base em uma abordagem transdisciplinar.

Objetivo geral: Discutir internacionalmente uma metodologia transdisciplinar inovadora no ensino superior com uso de tecnologias imersivas tendo o mito indígena como objeto de estudo numa perspectiva mitocrítica latino-americana compreensiva.
10. Objetivos específicos
- Fortalecer a integração da proponente e de seu grupo de pesquisa com a Rede Latinoamericana de Mitocrítica Pachamama, o Centre International de Recherches et Études Transdisciplinaires (CIRET) e a associação Asteria, através de desenvolvimento de projeto de pesquisa e de mobilidade internacional.
- Ampliar o alcance do piloto de tecnologia e inovação “O futuro é ancestral” em nível internacional na América Latina, na França e na Espanha por meio de parceria internacional.
- Desenvolver e aprofundar a proposta pedagógica transdisciplinar para discentes e docentes do ensino superior, com vistas à consciência das implicações do fenômeno imersivo tecnológico e suas relações com a imersão mítico-literária.
- Publicar e divulgar os resultados de pesquisa científica e de inovação em nível internacional com um site, um catálogo, um podcast, um artigo em periódico e a redação dos resultados da pesquisa em livro.

Metodologia
A perspectiva transdisciplinar apresentada por Edgar Morin em “Ensinar a viver”, entre outras obras, é fundamental para cessar de reproduzir aquilo que o “paradigma da disjunção” separou. No que se refere à educação, a transdisciplinaridade incentiva a ir além do nível disciplinar do conhecimento que, na maioria das vezes, privilegia aspectos técnicos e debates lineares. Ela pressupõe o rompimento das barreiras para ir além dos valores excludentes dos conhecimentos ditos binários, específicos e até mesmo limitados. Neste ponto, retomamos a noção de bios virtual proposta por Muniz Sodré, em “Reinventando a educação” (2012) para pensar a reaproximação entre saberes tradicionais e os recursos tecnológicos da informação e comunicação implícitos nas experiências imersivas. Jovens inseridos no bios virtual experimentam diferentes temporalidades sociais e novas matrizes culturais que necessitam de interação entre eles e seus mais velhos, para que as trocas continuem se tornando possíveis e possam potencializar a aprendizagem e a inserção na sociedade e no mundo adulto. O ambiente virtual, no qual o sujeito deixa de ser um espectador para se tornar organicamente parte (por isso o uso do termo bios), é marcado pela hibridação de tecnologias com as formas artísticas, pela possibilidade de manipulação direta do processo midiático pelo usuário (interatividade), pelo entrecruzamento em bases pessoais de elementos separados pela mídia (hipermídia), pela narratividade não linear e hipermidiática, pela imersão em universos feitos de matéria audiovisual e pelo desaparecimento da corporeidade como tal. A construção de uma paisagem sonora que complemente e emoldure as narrativas míticas será desenvolvida a partir de diálogos com os representantes das etnias, e com uma etapa de validação por parte dos próprios narradores. O som se mostra fundamental para o projeto, uma vez que o processo de imersão está intrinsecamente relacionado às decisões e às estratégias de composição da narrativa sonora, e que pode ser potencializado pelas plataformas digitais e pelas novas tecnologias. Ao final do processo, uma versão em podcast da narrativa sonorizada será disponibilizada via spotify para ampliar o alcance comunicativo do projeto. Durante a pesquisa na França, aplicaremos a metodologia do “Metaconverse”, uma oficina pedagógica com docentes do ensino superior para problematizar o fenômeno da imersão mítica e tecnológica. Espera-se mobilizar os saberes de pesquisadores da mitocrítica cultural, da mitocrítica latino-americana e da psicologia profunda e transpessoal para compreender o fenômeno da imersão tecnológica à luz não apenas dos seus efeitos físicos, mas também dos seus efeitos sobre o desenvolvimento das consciências. Esta pesquisa faz a hipótese de que as novas tecnologias e as novas mídias imersivas, ao gerarem potencialmente novas realidades (realidades virtuais ainda não atualizadas pela experiência) precisam de pedagogias inovadoras para que a sociedade e as pessoas que a compõem possam se situar criticamente dentro delas. As pedagogias inovadoras que buscamos propor aqui são dependentes da articulação entre antigos e novos saberes (Maturana e Dávila, 2009). Trata-se de uma contribuição do pensamento comunicacional à educação mediante os princípios da complexidade e da transdisciplinaridade, tais como a ecologia da ação, a recursividade, a dialogia, os níveis de realidade e o terceiro-incluído (Morin, 2005; Nicolescu, 2014 e 2016; Pasquier, 2019).
A partir dessa fundamentação teórico-metodológica, propõe-se uma pesquisa de inovação tecnológica aplicada à comunicação e à educação cujo desenvolvimento se dá em 4 etapas.
Etapa 1: Estruturação da proposta pedagógica transdisciplinar
A partir de uma experiência metarreflexiva sobre imersão com um filme documentário em VR 360° e de uma experiência piloto no metaverso com a narração de mitos indígenas, o trabalho será realizado por uma equipe multidisciplinar (TI, Comunicação, Educação, Psicologia) a fim de explorar os sentidos da imersão não tecnológica e colocá-los em relação com o que se passa na imersão tecnológica. Serão relacionados aspectos como a passagem de um tipo de consciência corporal para a modificação proprioceptiva da imersão tecnológica; a passagem da imaginação psíquica endógena para a imaginação exógena estimulada pelas imagens do vídeo; a passagem da narrativa mítica indígena para a narrativa da experiência subjetiva pós-imersão e a recuperação da dimensão simbólica da existência, em um mundo marcado pela literalidade dos sentidos.
Etapa 2: Realização das oficinas de formação, sua avaliação e os resultados de pesquisa
Nesta etapa, trabalha-se com a mesma equipe multidisciplinar para realizar as oficinas junto aos diversos públicos (discentes de graduação, de pós-graduação, docentes da educação superior e docentes da educação básica). A equipe realizará avaliações e fará adequações nas oficinas em função dos públicos. Nesta etapa, também serão construídos os dados de pesquisa a partir das observações e das narrativas do público (coletadas por meio de questionários) quanto a suas experiências imersivas no intuito de responder às perguntas: O que se passa com o nível de consciência do sujeito em situação de imersão tecnológica? Até que ponto ele tem, não apenas uma série de sensações, mas um sentimento claro e consciente daquilo que a experiência imersiva lhe proporciona e dos efeitos dessa experiência? Por fim, como essa experiência imersiva se articula a uma nova realidade cujas potencialidades estão além do mero divertimento e possibilitam novas perspectivas econômicas.
Etapa 3: Resultados: redação de artigos, realização de evento internacional
Esta etapa consiste na estruturação dos resultados e organização das publicações e espaços de troca acadêmica em torno dos resultados alcançados: será organizado um evento científico com especialistas europeus e latino-americanos em mitocrítica e imersão.
Etapa 4: Ampliação internacional, divulgação e trocas de saber
Nesta etapa, o foco estará na expansão do alcance dos resultados e na problematização de conceitos e experiências com os parceiros estrangeiros. A partir da realização da oficina imersiva no exterior, observaremos como se dá a experiência da imersão mítica em contexto europeu, e questionaremos: Que resultados emergem da experiência e das trocas com outras referências culturais? Podem as perspectivas latino-americanas e europeias se contaminarem e se enriquecerem mutuamente a partir dos seus respectivos saberes teóricos e práticos?
Equipe:
1 - Andriolli de Brites da Costa - Pesquisador Externo
2 - FLORENCE MARIE DRAVET - Pesquisador Interno
3 - Florent Pasquier - Pesquisador Externo
4 - Gustavo de Castro e Silva - Pesquisador Externo
5 - José Manuel Losada - Pesquisador Externo
6 - LEANDRO DE BESSA OLIVEIRA - Pesquisador Interno
7 - Luís Alberto Pérez-Amezcua - Pesquisador Externo
8 - Luis Pabón Batlle - Pesquisador Externo
Orçamento Aprovado:
Valor TotalR$ 0,00